Desde 20 de março, a prevenção ao assédio moral e sexual no ambiente de trabalho passou a ser uma obrigação de todas as empresas brasileiras, em razão da norma MTP nº 4219.
Uma das principais transformações trazidas pelo Ministério do Trabalho é aquela que determina que a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) passe a ter total responsabilidade sobre a gestão interna do tema, o que muitas vezes ficava sob a liderança de áreas como RH, Compliance, EHS ou Jurídico.
Essa responsabilidade vai desde a estruturação de programas e políticas que enderecem as normatizações vigentes, passando por campanhas e ações internas de sensibilização, engajamento de colaboradores, até a preparação das lideranças para o acolhimento de denúncias e como melhor realizar feedbacks sobre estas.
Sua organização está preparada para prevenção ao assédio?
Então, como podemos auxiliar a CIPA no desenvolvimento de semanas de conscientização, alinhando as discussões sobre assédio moral e sexual aos pilares de cultura organizacional e programas de saúde mental?
“O tema é delicado e precisa sempre ser abordado sob o prisma educacional. Muito além de estabelecer canais de denúncia, temos que promover letramento para as lideranças, falar com os colaboradores sobre comunicação não-violenta, vieses inconscientes, diversidade e inclusão, ética. Tudo isso é um comportamental que ajuda a prevenir o assédio”, argumenta Adriano Zanni, diretor de Comunicação Interna e Transformação Organizacional da InPress Porter Novelli.
Pertinência e frequência
Zanni ainda esclarece que é preciso ajudar as organizações no desenvolvimento de espaços de segurança psicológica, denotando como a cultura da empresa e as atitudes desejáveis, decorrentes dos seus valores, se conectam com o combate ao problema. E isso só se faz com uma comunicação estratégica, com ciclos virtuosos de diálogos.
“As redes de multiplicadores internos, rodas de conversa sobre assédio e os Programas de Formação de Lideranças, como o que temos aqui na InPress Porter Novelli, representam um bom caminho para que a Comunicação comece a endereçar melhor o tema e não foque apenas em datas isoladas ao longo do ano ou campanhas dentro da Sipat. É dessa maneira que podemos auxiliar a CIPA em sua nova missão e criarmos indicadores de performance mais satisfatórios, reduzindo absenteísmo ligado a assédio ou passivos trabalhistas”, afirma.
Gestão de Riscos Psicossociais
"Essa nova legislação traz à tona a importância da tratativa dos fatores psicossociais do trabalho, que se traduz na aplicação de uma estrutura de gestão de riscos que visa a prevenção de danos psicológicos. Os riscos psicossociais decorrem da exposição dos trabalhadores a fatores que podem desencadear níveis elevados e persistentes de estresse e adoecimento mental, como é o caso do assédio”, destaca Ana Peuker, CEO da Bee Touch, parceira da InPress Porter Novelli.
Ana afirma que é importante que os gestores compreendam que esta medida de proteção que a lei traz também deve englobar terceirizados e aprendizes. “Além disso, as lideranças devem abordar o tema de saúde mental com a noção de compliance, envolvendo a criação de políticas, processos e sistemas de saúde e segurança ocupacional orientados para mitigar não apenas riscos tradicionais (como os físicos, químicos, ergonômicos e biológicos), mas também os psicossociais. Afinal, o compliance em saúde mental tem que ter como produto das suas ações o trabalho saudável”, diz.