Muito se fala de aceleração no ambiente corporativo. Conceitos como transformação digital, inovação aberta e mindset ágil têm sido usados de forma rotineira na busca de mudanças necessárias no mundo dos negócios.

Mas o maior acelerador de que tivemos notícia nos últimos tempos está longe de ter sido criado nos bancos de alguma universidade renomada ou por algum Prêmio Nobel - pelo contrário, sua origem não poderia ser mais inesperada: um mercado de frutos do mar em uma cidade chinesa.

Sim, estamos falando da Covid-19. Uma doença que, em pouco tempo, se transformou em pandemia e mudou o rumo da história da humanidade. Como um legítimo acelerador, a Covid-19 nos obrigou a se adaptar a uma nova realidade e a se abrir a inovações que, de outra forma, teriam demorado anos, senão décadas, para serem colocadas em prática.

Mas existe uma outra pandemia que se forma no horizonte. Invisível como a Covid-19, mas ainda silenciosa à primeira vista, ela cresce de forma exponencial, pois sua existência vinha de muito antes, e foi ainda mais acelerada pelo vírus.

Estamos falando dos transtornos mentais. E de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil já era considerado o país com mais transtornos de ansiedade e depressão antes da pandemia. Agora, esta situação se tornou ainda mais preocupante. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nos meses de maio, junho e julho de 2020 revelou que 80% da população brasileira ficou mais ansiosa neste período. Em média, nos outros países, este índice foi de 30%. 

Me chamou a  atenção um artigo do professor e diretor da Faculdade de Saúde Pública da Boston University School, Sandro Galea, publicado na Harvard Business Review, que diz o seguinte: “ao nos preocuparmos com os riscos físicos desta pandemia, é fácil ignorar a carga mental que muitos de nós sentimos. (...) Isso seria um equívoco. Saúde mental é saúde pública, e a carga mental provocada pela pandemia merece tanta atenção quanto o dano físico. Estamos vivendo, coletivamente, uma experiência traumática em larga escala.”

Neste contexto, é primordial discutirmos o papel das organizações no apoio e promoção da saúde mental, assim como a melhor forma de se colocar essa responsabilidade em prática. Se é ali que boa parte dos brasileiros empregados passa grande parte do seu tempo, este ambiente se torna vetor para promoção, ou degradação, da saúde mental. E as perdas decorrentes desse cenário são gigantescas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima em US$ 1 trilhão ao ano o impacto na produtividade por conta de transtornos de depressão e ansiedade no mundo. No Brasil, a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez devido a transtornos mentais bateu recorde em 2020. Foram mais de 576 mil afastamentos, uma alta de 26% em relação ao registrado em 2019.

Para nós da InPress Porter Novelli, uma empresa de comunicação que tem como missão trazer resultados de impacto aos negócios de nossos clientes ao mesmo tempo que respondemos aos anseios da sociedade, este assunto não poderia ser mais relevante. Por isso, unimos forças com a Rede Brasil do Pacto Global da ONU e com a Sociedade Brasileira de Psicologia para lançar o movimento #MenteEmFoco.

#MenteEmFoco nasce como uma forma de encorajar as empresas a trazer a saúde mental para a pauta de decisões, de forma a priorizar o tema na sua gestão estratégica. Por isso, conta com compromissos claros que as companhias signatárias deverão se responsabilizar a praticar – ações que vão desde o estabelecimento de programas anti-estigma até a capacitação da liderança para uma mudança organizacional mais profunda, que crie um ambiente psicologicamente seguro para que os profissionais se desenvolvam e possam atuar, cada vez mais, em times de alta performance.

Sabemos que não é tarefa fácil. Ainda mais porque este tema foi estigmatizado e visto de forma equivocada por muito tempo. Mas as dificuldades não devem nos desanimar. A tomada de decisão na promoção da saúde mental no ambiente de trabalho precisa ser feita agora – com o risco de termos perdas imensuráveis do ponto de vista de reputação e, consequentemente, dos resultados de negócios. 

Espero, em um futuro próximo, poder olhar para trás e enxergar que este momento tão crítico acelerou não só o nosso uso das novas tecnologias, mas também a criação de ambientes corporativos mais humanos – e a saúde mental é, com certeza, a maior oportunidade que temos nas mãos para alcançar este objetivo.

O momento é agora. E a expressão “juntos somos mais fortes” não poderia fazer mais sentido. Venha conosco e se torne um signatário: https://lnkd.in/dzBBMpF.

Ana Domingues - Diretora do núcleo de Saúde e Bem-Estar da InPress Porter Novelli

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